quarta-feira, 28 de outubro de 2009

MASSAGEM EM LEUCEMIA

Dos procedimentos ligados a massagem, a Reflexologia, é o único tipo adequado para pacientes de leucemia. E, ainda assim, desde que já mostrem equilíbrio nas dosagens de glóbulos vermelhos e brancos.
Há ainda outras formas de terapia corporal que podem ser utilizadas para ajudar o paciente, ou em sua recuperação, ou visando a um conforto maior.
Outro tipo de terapia, chamado toque sutil, é realizado pelo terapeuta com as mãos a uma pequena distância do corpo do paciente. “Nesse caso, trabalhamos no campo em torno do corpo e também da pele para dentro. A ferramenta é o que chamamos de ‘polarização’. O objetivo é equilibrar os íons positivos e negativos do corpo eletromagnético, o ‘corpo’ que envolve o corpo que podemos ver. As mãos ficam a uma pequena distância de pontos estratégicos, e de forma cruzada. Por exemplo: com minha mão direita, trabalho um ponto do lado esquerdo do paciente; com a esquerda, o lado direito dele.”
No caso de leucemias, o terapeuta sempre trabalha em contato com o médico, acompanhando as dosagens de glóbulos brancos e vermelhos do sangue. E sempre em acordo quanto a procedimentos que dependem do tipo da leucemia e em que fase está o paciente. De toda forma, nunca se irá trabalhar com pressão ou drenagem (quando as mãos do terapeuta “empurram” os fluxos para os dutos do corpo), para evitar qualquer chance de ativar a reprodução de células doentes, sua multiplicação. “As restrições são grandes, no caso de massagens, porque o sistema linfático está por todo o corpo. Daí a reflexologia – porque não se mexe localizadamente em órgãos afetados –, nos pontos de conexão com esses órgãos, que estão tanto nos pés como nas mãos.
Nada de força
Essas terapias pelo toque sutil têm bons resultados também em sua forma de acolhimento – termo usado pelos profissionais multidisciplinares – de pacientes em qualquer das fases da leucemia ou de seu tratamento. Nesse caso, o terapeuta jamais usa força, ao contrário: seus gestos são delicados e mostram leveza.
Se a pessoa está debilitada, com anemia, cansaço, ferimentos, dificuldade de coagulação, e ainda fragilizada no lado psicológico, o procedimento é por meio desse toque sutil. “O terapeuta busca fortalecer o tônus da pessoa, físico e emocional. Procura o caminho para que o paciente perceba seu corpo, da mesma forma como o terapeuta também vai percebendo – nos batimentos, no pulso.”
O paciente vai percebendo sua temperatura, pesos, volumes, formas, os lados do corpo, enquanto o terapeuta procura colocá-lo de maneiras mais confortáveis, como uma almofada sob o joelho, por exemplo. “Peço que fechem os olhos, porque penso que assim apuram os outros sentidos. Passamos a um outro nível de trabalho. É uma sensibilidade que a gente adquire, uma espécie de diálogo mudo.”
Falando de massagem em geral, e não especificamente em casos de leucemia, com o tempo e o estudo, o repertório de conhecimento deixa o terapeuta mais perspicaz, para aplicar este ou aquele tipo de terapia no paciente. Pode, por exemplo, conversar para resgatar recordações agradáveis, induzindo pensamentos para melhoria do corpo da pessoa. “É muito comum, quando pedimos a ela que pense em imagens agradáveis, que a escolha seja por uma praia. Se pedimos a ela que pense estar lá, o corpo pode mesmo até alterar sua temperatura, por exemplo.”
Me lembro de outro trabalho do terapeuta: vencer resistências que muitos pacientes apresentam. “Varia de pessoa para pessoa, do estado em que ela se encontra, e assim por diante. Mas temos de procurar uma forma da pessoa se abrir, para você poder ajudar. Para ajudar fisicamente, mas também ajudar o paciente a não desistir, a seguir acreditando, a ter esperança, a querer usufruir de melhor qualidade de vida. Aí entra também a sensibilidade do terapeuta. É saber ceder, conceder, às vezes mesmo retroceder. Para trabalhar nesse plano.o paciente precisa estar aberto ao trabalho do terapeuta – que, por sua vez, precisar encontrar formas de se aproximar daquele que muitas vezes não quer ser ajudado.”
De uma forma bem simples, e que nada tem a ver com a terapia em si, os parentes muitas vezes ajudam doentes justamente lembrando de momentos alegres, segurando sua mão, dando beijos. “Eles têm lembranças em comum, sabem desses momentos de alegria. E esse tipo de atitude também é bom. É acolhimento. Mas, no caso do terapeuta, podemos ir fazendo perguntas ao paciente, puxando por essas boas memórias. Há momentos de tratamento, de recuperação, e outros em que podemos dar aconchego, dar qualidade ao pensamento. Nosso objetivo é que a pessoa não desista.”

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